biologia
braseiro de pau-brasil
pau-brasil s.m. ANGIOSPERMAS árvore de até 30 m (Caesalpinia echinata) da família das leguminosas, subfamília cesalpinioídea, que outrora habitava o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, e hoje em dia é bastante rara, com casca tanífera, madeira de cerne vermelho e tinta da mesma cor, folíolos pequeninos, flores amarelas e vagens oblongas, também cultivada como ornamental e por usos medicinais
braseiro (c1541) ETIMOLOGIA brasa + -eiro
1 s.m. grande quantidade de brasas; braseira, brasido
2 s.m. grande quantidade de lenha, carvões ou objetos incendiados; braseira, brasido
brasil (1377) ETIMOLOGIA brasa + -il
1 adj.2g. relativo a brasa
2 adj.2g.s.2g. relativo ao Brasil ou o que é seu natural ou habitante, especialmente o indígena brasileiro
3 adj.2g.s.m. diz-se de ou a cor da madeira do pau-brasil e da brasilina
brasa (sXIV)
1 s.f. carvão em incandescência, mas sem chama
2 s.f. p.ana. coisa muito quente, escaldante
3 s.f. p.ana. dor ardente; queimor, queimação
4 s.f. p.metf. desejo ardente; paixão, ardor
5 s.f. p.ana. o que faísca, rebrilha
-il é, em verdade, um elemento de composição pospositivo da terminologia da química, do grego húlé ‘madeira, matéria, substância’, usado como princípio químico radical a partir de 1832; em português usou-se sobretudo de -yl, simplificado em -il.
curare (1838) ETIMOLOGIA urari ‘veneno’, de um dialeto caribe das Guianas, com provável influência do tupi amazônico
1 s.m. veneno de ação paralisante, de tom marrom-escuro ao negro, resinoso e aromático, extraído de plantas da família das estricnáceas e das menispermáceas, espécie do gênero Strychnos e do gênero Chondrodendron, usado pelos indígenas, na Amazônia, geralmente em pontas de flechas; ervadura, ervagem, ticuna, voorara
2 s.m. FARMACOLOGIA extrato obtido de sementes e da casca e caule dessas plantas, especialmente da uva-da-serra (Chondrodendron tomentosum), que contêm alcaloides, como a curarina, usado como relaxante muscular e como anestésico em cirurgias do abdome
brejaúva (sXIX) ETIMOLOGIA tupi mbïra'yuwa ‘árvore de espinhos’
s.f. ANGIOSPERMAS palmeira cespitosa de até 10 m (Astrocaryum aculeatissimum), nativa do Brasil (BA a SC), de boa madeira e folhas das quais se extraem fibras us. em vassouras e chapéus ou que são incineradas para servir como adubo, rico em fosfato e sais de potássio; airi, brejaúba

tucum (1587) ETIMOLOGIA tupi tu'ku ‘tucum’
s.m. ANGIOSPERMAS designação comum a várias palmeiras, geralmente cespitosas, dos gêneros Astrocaryum e Bactris, nativas do Brasil e de países vizinhos, com frutos frequentemente comestíveis e folhas das quais se extraem fibras, conhecidas como fibra de tucum; tucunzeiro

jataí (1763) ETIMOLOGIA tupi yeta'i ‘jataí’
s.m. ANGIOSPERMAS palmeira de até 12 m (Butia yatay), nativa das planícies arenosas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com estipe de que se extrai fécula (a farinha de jataí), folhas penatífidas, verde-acinzentadas, inflorescência com duas espatas e drupas ovoides, us. para a produção de álcool, com sementes vermífugas e de que se extrai óleo alimentar; butiá, butiazeiro, coqueiro-jataí, iataí, iati

peri (1899) ETIMOLOGIA redução do tupi piripi'ri ‘espécie de junco’
1 s.m. ANGIOSPERMAS designação comum a várias plantas da família das ciperáceas que nascem em terrenos alagados
1.1 s.m. ANGIOSPERMAS erva (Rhynchospora cephalotes) nativa do Brasil, de colmo que atinge 1 m, folhas lineares e inflorescências em espiguetas, reunidas em cachos corimbiformes ou ovoides, que fornece fibra para esteiras e outras obras trançadas e celulose própria para o fabrico de papel translúcido; capim-de-bolota, piripiri (1874), piri (c1777)
1.2 s.m. ANGIOSPERMAS planta palustre (Cyperus prolixus), nativa do Brasil, de inflorescências umbeliformes, cujas fibras são usadas para obras trançadas e no fabrico de celulose para papel fino; piripiri (1874), piri (c1777)
1.3 s.m. ANGIOSPERMAS planta palustre (Cyperus giganteus) da família das ciperáceas, que ocorre do México à Argentina, cujas folhas e colmos são us. no fabrico de esteiras, produzem fibra semelhante à do linho e fornecem celulose de ótima qualidade; capim-de-esteira, periperi, periperiaçu, piripiri (1874), pipiri, piri (c1777), tabira

vedo (1899) ETIMOLOGIA sânscrito vata ‘vedo’
s.m. ANGIOSPERMAS árvore (Ficus religiosa) da família das moráceas, nativa da Índia, sagrada para o budismo, com madeira compacta, bastante dura, e figos roxo-escuros, comestíveis, também cultivada como ornamental, pelas raízes de que se extrai tintura vermelha e pelo látex de que se faz borracha; figueira-dos-pagodes, árvore-dos-pagodes
ceroto (1712) ETIMOLOGIA substantivo do latim cerátus,a,um ‘emboçado, untado de cera’
1 s.m. FARMACOLOGIA unguento de uso tópico, composto basicamente por cera de origem diversa e um ou mais óleos graxos, usado não só como excipiente para fármacos de uso tópico mas também como medicamento emoliente no tratamento, p.ex., do cieiro; cérica, cerato
2 s.m. fig. remédio limitado; paliativo
arrobe (sXIII) ETIMOLOGIA árabe ar-rubb ‘xarope, sumo de fruta’
1 s.m. nome comum aos extratos de sumos não fermentados de frutas, obtidos pela evaporação, ao banho-maria, dos sucos previamente clarificados
2 s.m. mosto cozido que entra na composição do vinho ou de licores vinosos
3 s.m. nome comum a certos xaropes medicinais, preparados à base de extratos vegetais
Chernoviz
Pedro Luiz Napoleão Chernoviz (1812-1881) foi um médico, acadêmico e editor polonês que consolidou sua carreira e fama no Império do Brasil. Filho de um coronel, Chernoviz nasceu na cidade polonesa de Łuków e imigrou para o Brasil em meados do século XIX.
Quando o médico polonês chegou ao Brasil, a medicina acadêmica (ensinada nas faculdades) dividia espaço com uma “outra medicina”, muito mais popular e acessível às comunidades brasileiras, especialmente, àquelas que habitavam o interior do país. Percebendo o que considerava ser um espaço passível de ser ocupado, Chernoviz resolveu investir em um outro nicho da atividade médica e dedicou-se a produzir e a publicar, em língua portuguesa, manuais de medicina destinados tanto para os médicos quanto para as pessoas leigas. Em 1841, lançou seu Formulario e Guia Medica, um livro escrito para profissionais da medicina em que descrevia remédios, apresentava fórmulas medicamentosas e orientava sobre sua utilização, conforme as diferentes moléstias que acometiam os corpos saudáveis.

Monteiro Lobato deve ter consultado o Formulario e Guia Medica para citar os quatro medicamentos (apózemas, cerotos, arrobes e eletuários) que “pirilampejam no cérebro de Jeca Tatu”.
Formulario e Guia Medica – Fórmas Pharmaceuticas dos Medicamentos
APOZEMAS (do grego apozema, decocção). Medicamentos liquidos que tem por base a decocção ou infusão aquosa de uma ou mais substancias vegetaes, á qual se ajuntão outros diversos medicamentos simples ou compostos, taes como saes, xaropes, electuarios, tinturas, e extractos. A decocção branca de Sydenham e um apozema.
CEROTOS. São preparações de consistência semi-liquida, unicamente destinadas ao uso externo, compostas de oleo e cera, ás quaes se ajuntâo frequentemente algumas substancias mais activas.
ARROBES ou Robes. Designão-se debaixo d’este nome sumos de quaesquer fructos, reduzidos pela evaporação á consistencia de mel. Taes são o robe de sabugueiro, de belladona, de groselhas, etc. Os robes distinguem-se dos extractos porque estes provém não dos fructos mas de outras partes do vegetal; por exemplo, debaixo do nome de extracto de belladona, entender-se-ha sempre o extracto das folhas d’esta planta, entretanto que o robe de belladona significará o extracto obtido das bagas. — Dá-se também o nome de robes, por extensão, a alguns xaropes que contém, em relação ao assucar que levão, grande porção de succo de plantas. Tal e o Robe antisyphilitico de Laffecteur.
ELECTUARIOS, Confeições ou Opiatos. São preparações de consistência molle, compostas de pós, polpas, extractos ou productos inmiediatos dos vegetaes, bem como de substancias animaes ou mineraes misturadas com assucar, mel ou vinho.
farmacopeia (c1677) ETIMOLOGIA francês pharmacopée ‘arte de preparar medicamentos’, do grego pharmakopoíia ‘confecção de drogas’
1 s.f. arte de preparar e compor medicamentos, ou livro que a ensina
2 s.f. coleção, catálogo ou repositório de receitas e fórmulas de drogas e medicamentos; receituário, códice, código
taquaruçu (1856) ETIMOLOGIA tupi takwaru'su < ta'kwara ‘taquara’ + u'su ‘grande’>
s.m. ANGIOSPERMAS planta (Chusquea gaudichaudii) da família das gramíneas, nativa do Brasil (SP ao RS), de colmo arborescente, usada para ripas, papel e obras trançadas, folhas lanceoladas e panículas compostas; bambu-gigante, bambu-trepador, taquara-brava
cataplasma (1670) ETIMOLOGIA grego katáplasma,atos ‘revestimento que se aplica, emplastro, cata-plasma’, pelo latim cataplasma,àtis ou cataplasmus,i ‘cataplasma’
s.2g. FARMACOLOGIA papa medicamentosa feita de farinhas, polpas ou pó de raízes e folhas que se aplica sobre alguma parte do corpo dolorida ou inflamada
flor da samambaia
samambaia (1730) ETIMOLOGIA tupi çama-mbai ‘trançado de cordas’, alusão à trama confusa dessas plantas invasoras, segundo Teodoro Sampaio
s.f. PITERIDÓFITAS designação comum a inúmeras pteridófitas, geralmente cultivadas como ornamentais; sambambaia ¤
Samambaias são pteridófitas e sua reprodução é feita através de esporófitos. São plantas que possuem vasos condutores de seiva, e não são capazes de produzir flor.
samambaial (1918) s.m. extenso aglomerado, em determinada área, de samambaias; sambambaial
infolhescência talvez um neologismo criado por Monteiro Lobato a partir de inflorescência; m.q. folhagem (o conjunto das folhas de uma planta; folhado, folhame, folhedo)
inflorescência (1788) ETIMOLOGIA latim científico inflorescentia (Lineu [1707-1778]), sobre o latim tardio inflorescens,entis, part.pres. de inflorescère ‘começar a florir’
s.f. MORFOLOGIA BOTÂNICA conjunto de flores ou qualquer sistema de ramificação que termine em flores, e que se caracteriza pela presença do pedúnculo
tangará (c1584) ETIMOLOGIA tupi tanga'ra ‘tipo de pássaro’
1 s.m. ORNITOLOGIA designação comum a várias espécies de aves passeriformes da família dos piprídeos, encontradas em toda a América do Sul; machos geralmente coloridos, especialmente a cabeça, e fêmeas verdes
2 s.m. DANÇA MÚSICA dança do fandango valsado, com canto melancólico

Por Dario Sanches, SP
urupê (1918) ETIMOLOGIA tupi uru'pe ‘espécie de fungo, cogumelo’
s.m. MICOLOGIA cogumelo (Polyporus sanguineus) da família das poliporáceas; orelha-de-pau, pironga
Em Teodoro Sampaio, O Tupi na Geografia Nacional (1901), urupé, urú-pé, forma contrata de urú-peba, o cesto chato ou raso; nome dado ao fungo conhecido por orelha-de-pau, cuja forma imita a de um cesto raso.
1 s.m. ANGOSPERMAS árvore (Syzygium jambos) da família das mirtáceas, com casca adstringente, folhas elípticas e flores melíferas, em corimbos ou racemos, nativa da Ásia e muito cultivada em várias regiões tropicais, como ornamental, como quebra-vento e especialmente pelos frutos comestíveis; eugênia, jambeiro, jambo-rosa
2 s.m. fruto dessa árvore, uma baga globosa, rósea, amarelo-rosada ou roxa, aromática, suculenta e um pouco ácida; eugênia
3 adj.2g.2n. cuja cor lembra a do jambo; bem moreno ou cuja tez é da cor de um mulato ou mulata

jambo (1563) ETIMOLOGIA sânscrito jambu ou jambú, provavelmente pelo híndi